domingo, 27 de setembro de 2009

Pesca em áreas proibidas continua ameaçando a região

Raquel Salgado

Problema recorrente no Litoral Norte, o desrespeito à lei por parte dos barcos pesqueiros que pescam em áreas de preservação ambiental, foi novamente denunciado esta semana por moradores do bairro Pontal da Cruz, em São Sebastião.
“Às 6 h, qualquer um que vai caminhar pela praia vê muitos barcos arrastando aqui na frente. É um absurdo, aqui é zona estuarina, protegida pela legislação e eles não respeitam. Vão arrastando tudo com as redes, pegando filhotes e crias de camarão. O desrespeito é tanto que pescam até a noite, com as luzes apagadas, colocando em risco a navegação no Canal de São Sebastião. Já vi parelha(dois barcos que arrastam uma mesma rede) fazendo isto aqui na minha frente”, diz um dos moradores.
Há mais de três meses essa denúncia foi feita ao Ibama e depois à equipe de fiscalização da Estação Ecológica Tupinambás. “Um dia me telefonaram dizendo que a denúncia não procedia, que eles tinham ido checar e só encontraram barcos parados. Isto é gozação. Toda a cidade está vendo, as infrações estão ocorrendo à vista de todos e é gente daqui mesmo, todos conhecem. Fomos ao Ibama em Caraguatatuba e lá nos disseram que já tinham conhecimento dos fatos, e que iriam tomar as providências informando a Polícia Ambiental. Mas até agora nada foi feito”, conta outro morador.

“Estão destruindo tudo. Na praia do Guaecá estão arrastando dia e noite, na cara dura, a duzentos metros da praia. O objetivo destas denúncias é proteger o ecossistema, mas também proteger os próprios pescadores. Eles estão arrancando as raízes da árvore que dá sustento à categoria. A Colônia de Pescadores sabe quem são os infratores e deveria orientar, explicar os riscos desta atitude. Para a fiscalização, bastaria ir até a praia com um binóculo, fotografar e anotar o número das embarcações”, dizem.
Segundo eles, os pescadores se prejudicam duplamente. “Com as obras do gás e daqui um pouco do pré-sal, a Petrobras está mapeando e cadastrando todo mundo. Acontece que tem muito barco, mergulhadores, gente trabalhando com solda, maquinário pesado, guinchos e balsas trabalhando aqui. Por isto, em caso de prejuízo provocado pelas atividades da empresa, os pescadores serão ressarcidos, mas isto implicará também em uma fiscalização rígida e quem tiver multas anteriores por infrações e danos ambientais já fica sob suspeita.
Os pescadores deveriam se unir, se informar melhor e obedecer a legislação. Só assim poderão ser beneficiados”.
Receosos da reação dos pescadores profissionais do município, as duas fontes preferem não se identificar. “Se o fizermos, não poderemos mais sair na rua. É um corporativismo às avessas. Veja a que ponto chegamos”, desabafa um deles.

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